terça-feira, 22 de maio de 2018

FUNDADOR DO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, JORNALISTA ALBERTO DINES MORRE EM SP

Morreu na manhã desta terça-feira (22) o jornalista Alberto Dines, aos 86 anos, em São Paulo.

Em comunicado em rede social, a equipe do Observatório da Imprensa, portal fundado por ele, informou que ele estava internado no Hospital Albert Einstein.

 
Alberto Dines iniciou sua carreira no jornalismo em 1952 na revista "A Cena Muda" e, no ano seguinte, mudou-se para a revista "Visão" para cobrir assuntos ligados à vida artística, como teatro e cinema. Logo depois, passou a fazer reportagens sobre política. 

Em 1957, ele trabalhou para a revista "Manchete", até se demitir da empresa. Em 1959, assumiu a direção do segundo caderno do jornal "Última Hora", de Samuel Wainer. Já em 1960, colaborou para o jornal "Tribuna da Imprensa". 


Em 1960, convidado por João Calmon, dirigiu o jornal "Diário da Noite", dos "Diários Associados", de Assis Chateaubriand. Já em 1962 tornou-se editor-chefe do "Jornal do Brasil", no qual ficou por 12 anos. No jornal, ele coordenou uma grande reforma gráfica e criou novas seções. 

Segundo Manuel do Nascimento Brito, diretor do "Jornal do Brasil", com "a entrada de Dines, a reformulação do jornal foi afinal consolidada, pois ele sistematizou as modificações que levaram o JB a ocupar outra posição na imprensa brasileira". 

Desde 1963, Dines também era professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ele criou as disciplinas de Jornalismo Comparado e de Teoria da Imprensa. 

Na promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, durante a Ditadura Militar, coordenou a edição da primeira página que usou termos da previsão do tempo para narrar o momento político – “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos...” – como parte de uma estratégia para denunciar a censura imposta à redação a partir de então.
Outro episódio que marcou sua passagem pelo jornal foi a cobertura do golpe que depôs o presidente chileno Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. A censura havia proibido a publicação de manchetes sobre o assunto, então Dines coordenou a edição de uma primeira página sem títulos, mas com um longo texto contando o que aconteceu no Chile. O jornalista foi demitido do JB naquele ano.
Ele também tem passagem pela "Folha de S.Paulo" e a Editora Abril. 

Em 1994, fundou o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), junto com os professores Carlos Vogt e José Marques de Melo. O objetivo era criar um centro de pesquisa e acompanhamento crítico da mídia. A partir de 1999, o Labjor passou a oferecer um curso de pós-graduação de Jornalismo Científico.

Observatório da Imprensa

O Observatório é uma entidade civil, não-governamental, não-corporativa e não-partidária que acompanha o desempenho da mídia brasileira. Funciona como um fórum que permite debates diversos sobre coberturas jornalísticas. 

Como site, nasceu em 1996, por iniciativa do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo e projeto original do Labjor, da Unicamp. 

Em maio de 1998, o Observatório da Imprensa ganhou uma versão televisiva, produzida pela TVE do Rio de Janeiro e TV Cultura de São Paulo, e transmitida semanalmente pela Rede Pública de Televisão.

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