sexta-feira, 29 de abril de 2016

BLOG ARTE BRASIL ENTREVISTA LEIRTON MARQUES



Nosso convidado para esta entrevista ao Blog Arte Brasil é um constante e importante parceiro de artistas, produtores culturais, instituições públicas e privadas na elaboração, divulgação e acompanhamento de projetos.

Leirton Marques também tem uma intima ligação com a música e é um defensor da cultura como transformação cidadã para crianças e jovens. Conheça sua história e sua experiência ao longo de anos com iniciativas sociais, esportivas, culturais e ambientais em todo o Brasil.

a)      Olá Leirton Marques é uma honra ter você conversando com o público do blog Arte Brasil. Primeiramente gostaria que você falasse um pouco como foi sua infância.

Faz tempo... rsrsrs... Bem parte de minha infância, até os 08/09 anos de idade, vivi em Presidente Epitácio/SP, minha cidade Natal.  Como a vida de todo guri de interior, pescava às margens do Rio Paraná, caçava passarinho de estilingue e estudava. Paralelo a isso, sempre ajudava minha mãe nos serviços de casa, pois à época ela era vendedora de cosméticos porta-a-porta.

Então desde cedo nos ensinou a ter responsabilidades. Vim, graças a Deus, de uma família muito humilde mas muito unida. Desde cedo meus pais me ensinaram os verdadeiros valores da vida. Principalmente a estudar muito. Sempre diziam que um ladrão pode levar tudo de você, menos sua cultura e seu conhecimento. Quando me mudei para Londrina, aos 09 anos de idade, por falta de trabalho no interior de São Paulo para meus irmãos mais velhos, fui estudar na Escola Municipal Arthur Thomas – que na ocasião era na Vila Brasil.

Dia desses encontrei uma ex-professora minha da 4ª. Série, D. Elza, era professora substituta, um espetáculo. Incentivou-me a participar de um concurso de redação sobre Educação no Trânsito. Ela fez questão de me lembrar que foi a melhor redação do Estado do Paraná. Desde a infância sempre gostei de escrever. Credito esta vocação à minha mãe. Depois a outros importantes professores que fizeram parte de minha trajetória.

b)      Sei da sua forte ligação com a música e com as bandas que formaram tantos profissionais em Londrina e outros lugares do Brasil. Fale um pouco sobre isso.

Pois é, Bandas Marciais é algo que sempre me fascinou muito. Sei como é difícil a manutenção destas corporações pelo alto custo dos instrumentos musicais, pagamentos de professores, uniformes e por fim, manterem os alunos de forma voluntária nestes projetos.

Em Londrina, minha primeira experiência com Banda como instrumentista foi com o Colégio Vicente Rijo (1.985), passando pela Percussão e posteriormente tocando Bombardino e Trombone. Dois anos Depois estava regendo a Bandinha Xodó, do mesmo Colégio, que servia de celeiro de músicos para a Banda Marcial. Na ocasião, existiam duas grandes Bandas Marciais no município: Vicente Rijo e Marcelino Champagnat. 

Por motivos financeiros, as duas corporações do Vicente Rijo foram extintas. Fundei a fanfarra marcial infanto Juvenil do Colégio Maxi, onde fiquei por aproximadamente 08 anos. Posteriormente a municipal de Pedrinhas Paulista, onde em 02 anos de atividades fomos campeões interestaduais na modalidade (1997) e dei por encerrada minha carreira.

                                         (Banda Marcial Marcelino Champagnat)

Depois de uma inércia e com as atividades de Bandas Marciais paralisadas em Londrina, as iniciativas do Diretor do Colégio Estadual Marcelino Champagnat, Prof. Claudecir Almeida e da Presidente da Assoc. Guarda Mirim de Londrina. Sra. Kimiko Yoshii, vem resgatando esta importante cultura em nosso município.

No último 07 de Setembro (2015), pudemos perceber a maturidade musical destas corporações, ambas sob a regência do Maestro Gilberto Queiroz e também a aceitação pública para estas manifestações musicais – tão ricas em repertórios das tradicionais marchas e dobrados. Temos espaço, alunos e apreciadores para os repertórios de Bandas Marciais, o que falta, infelizmente, são mais iniciativas que também partam do poder público com a finalidade de fomentá-las e mantê-las perene. Entender que os músicos das Bandas Marciais dos Colégios e Guarda Mirim de hoje, serão os profissionais das Orquestras de amanhã, serão os músicos remunerados que farão a economia loco-regional girar.

A cultura precisa ser vista como mercado e investimento, além de entretenimento e diversão. Outro exemplo que não poderia deixar de citar como empreendedorismo social na área de música, vem sendo feito pelo casal Sr. Ricardo e Nilda Akira da Associação Solidariedade Sempre, que mantém uma Orquestra com o mesmo nome. São histórias de superação que precisam ser conhecidas. A criança que entro como aluno, hoje é professor do Projeto, cursa faculdade, tem seu salário e tudo isso foi através da música. O próprio projeto Batuque na Caixa, quantas histórias tem para contar? Saindo da seara dos músicos, mas quantos “cidadãos” não foram formados através deste Projeto? Mas há de se ter o “chute” inicial. 
                                           (Orquestra da Associação Solidariedade Sempre)


c)       Como é seu trabalho de elaboração de projetos? E como iniciou esta importante etapa em sua vida?

Estava licenciado da Universidade Estadual de Londrina, ocupando o cargo de Assessor Especial da Prefeitura de Chapada dos Guimarães-MT, isso deveria ser por volta de 1.998. As verbas eram escassas para a manutenção de Projetos Culturais. Como sempre transitei nos bastidores da execução dos projetos e sempre coloquei a mão na massa, sabia desta dificuldade. Resolvi então apresentar o primeiro projeto ao Ministério da Cultura, pelo Fundo Nacional de Cultura. Entre a apresentação do Projeto e análise retornei para Londrina para reassumir meu cargo na UEL. Neste período recebi a ligação de um amigo da Prefeitura de Chapada de tomei um susto: O Projeto foi aprovado. (risos).

Reassumindo na UEL, foram desenvolvidos diversos projetos para o Festival de Música de Londrina e Orquestra Sinfônica. Em meados de 2000, resolvi pedir licença do Governo e seguir carreira como empresário no segmento de Projetos, sempre fazendo cursos de aperfeiçoamento, Especializações, MBAs na área. Exige constante estudo. Contudo, se não houver coração e desprendimento à frente de qualquer projeto, jamais existirá resultado satisfatório.

d)      Como você enxerga a cultura como instrumento de educação e transformação social? Você acha que as leis de incentivo podem ser aperfeiçoadas?

O tema é amplo demais. Poderíamos discorrer horas acerca disso. Veja, aqui na empresa nunca trabalhamos a cultura como fator isolado. 

A magia da cultura está justamente nisso, ela permite você transitar em diversas áreas e busca a horizontalidade na abordagem de temas, principalmente quando trabalhamos projetos voltados às artes cênicas,       
onde inúmeros temas são trabalhados: Meio Ambiente, Drogas, Cidadania, Religião, Corporativismo, Vulnerabilidades Sociais, Família e claro, montagens de clássicos das artes cênicas. 

Importante dizer que dependendo do público que se trabalha, a instrumentalização para esta transformação social é dada por seus coordenadores, razão pela qual, além de você ter e ser um bom maestro, um bom professor de teatro e ter um público-alvo de projeto que requer atenção especial, você precisa adotar ferramentas de uma pedagogia afetiva para lidar com este público.

Neste aspecto, e de forma particular com o Ministério da Cultura, temos conseguido inserir nos Projetos de nossos clientes que tem um público com perfil especial, profissionais que visam dar este suporte essencial que contribuem neste processo de educação e transformação social: Psicólogos, Assistentes Sociais, Pedagogos, Educadores Sociais e demais profissionais necessários ao pleno êxito das ações pretendidas no Projeto. Temos que ter em mente também que, em se tratando de Projeto cultural que se tenha como finalidade-meio “Educação e Transformação Social”, temos que aproximar o educando do menor núcleo social constituído que ele foi inserido desde sua concepção: a Família.

e)      Leirton,  deixo o espaço para você se despedir do nosso público:

Primeiro foi um prazer enorme poder dividir um pouco desta minha experiência com cada um de vocês. São quase 20 anos de atuando na área de Projetos e pude vivenciar experiências espetaculares de Norte a Sul do País, desde Projetos Sócio-Culturais a projetos de construção de grandes Museus e Centros Culturais.  A essência de todo Projeto está no que se busca de fato fazer, dentro de uma razoabilidade financeira permitida e em consonância com as práticas de mercado, que lhe permitam alcançar os objetivos elencados. Seja transparente com a Sociedade, com seus Patrocinadores, com seu Público-Alvo, com seus Clientes e principalmente com VOCÊ.

Lembre-se que o conceito de Projeto é basicamente um empreendimento temporário que tem Começo, Meio e Fim, mas a vida é feita de muitos Projetos e seja atencioso com cada um deles. Foram duas Graduações, duas Especializações e um MBA, além de cursos intermediários para ir aos poucos, aprendendo um pouco a cada dia, pois cada Projeto é único, cada cliente tem suas necessidades específicas e temos que estar atentos a cada uma delas. Apareçam para uma café e um bate papo! Obrigado pela atenção e carinho!



Leirton Marques
Facebook:  facebook.com/leirton.marques.73
Email: m.zprojetos@uol.com.br
Telefone do escritório: (43) 3037-1455/9924-0802

*fonte das fotos que ilustram esta entrevista: facebook

2 comentários:

  1. Adorei sua história pela Cultura,raras são as pessoas com coragem suficiente para bancar essa condição neste país. Até parece utopia mas criaturas que valorizam esse potencial humano são ímpares em nosso meio.

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  2. Adorei sua história pela Cultura,raras são as pessoas com coragem suficiente para bancar essa condição neste país. Até parece utopia mas criaturas que valorizam esse potencial humano são ímpares em nosso meio.

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