quinta-feira, 10 de março de 2016

MARACATU, HINO NACIONAL E PALMAS NO SEPULTAMENTO DE NANÁ VASCONCELOS

Mesmo se eu morrer, não quero ninguém chorando, quero muito batuque, muito barulho, porque, se vocês fizerem silêncio, vou pensar que vocês estão dormindo e vou fazer como em casa, com minha esposa. Quando ela está dormindo, faço barulho para ela acordar. É a cigarra".

Essa frase foi atribuída a Naná Vasconcelos pelo mestre Chacon Viana, da Nação do Maracatus Porto Rico, do bairro do Pina, Recife, que ouviu a brincadeira em uma reunião preparativa para o carnaval deste ano - o último de Naná. E assim foi atendido o desejo do artista: o tambor tocou e a saia rodou em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde o corpo foi velado desde o início da tarde.


Foto: Marlon Costa / Futura Press
 
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Cortejo de Naná Vasconcelos parte rumo a Santo Amaro (Foto: Artur Ferraz/G1)Amigos e familiares seguem a pé da Assembleia em direção ao cemitério (Foto: Artur Ferraz/G1)
 
A musicista Íris Vieira, da Orquestra Sinfônica de Pernambuco, tocou a música 'Trenzinho Caipira', de Villa-Lobos, acompanhada pelo grupo de percussão Batucafro. Depois, o poeta cearense Israel Batista declamou o poema que fez em tributo ao percussionista, 'Louvor a Naná'.

A representante do Movimento Nacional do Quilombo Raça e Classe, também recitou um texto que fez em reverência ao músico. Durante o pronunciamento, ela destacou a importância de Naná para a população de origem africana. "Salve, salve, Naná, você mostrou que o negro pode ocupar todos os espaços. Vai deixar para nós a sua história, a sua música. Naná, sempre presente, hoje, amanhã e sempre", ressaltou.

Em seguida, o pai de santo Raminho de Oxóssi conduziu uma cerimônia com vários grupos religiosos de matriz africana. "Que Deus lhe dê o descanso eterno", desejou ao som de aplausos e batucadas. Ao fim do culto, um pequeno coral formado por cinco cantoras, clarins da Orquestra Sinfônica e percussionistas entoaram canções do artista e de ritmos afro-brasileiros.
 
 

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