quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

PERDA: MORRE COMPOSITOR E MAESTRO PIERRE BOULEZ

Rolf Haid/AFP
O maestro e compositor francês Pierre Boulez, uma das mais proeminentes personalidades da música experimental na segunda metade do século 20, morreu ontem, aos 90 anos, em sua casa em Baden-Baden, na Alemanha. A causa da morte não foi informada. 

Nascido na cidadezinha de Montbrison, nas cercanias de Lyon, em 1925, Boulez estudou matemática e, a seguir, transferiu-se para o Conservatório de Paris, onde, diz a lenda, foi um dos mais introspectivos e brilhantes estudantes.

No pós-guerra, ele integrou um grupo de compositores reunidos em torno do também francês Olivier Messiaen (1908-92), que procurava superar o impasse a que havia chegado a música de vanguarda da Escola de Viena.

Trabalharam na mesma direção, na cidade alemã de Darmstad, nomes que se tornariam monumentos da música contemporânea, como o alemão Karlheinz Stockhausen, o greco-francês Iannis Xenakis e o italiano Luigi Nono.

Datam a partir de então peças fundamentais para a formação de uma nova linguagem para composições, que o público mais tradicional considerava pouco compreensível, por não fincar raízes em frases melódicas definidas.

Entre as mais conhecidas composições de Boulez estão "Le Marteau sans Maître", de 1954, e "Pli Selon Pli", de 1957.

Ele também passou a se dedicar à regência, impondo-se com um estilo que deixava transparecer, mesmo em repertórios românticos (Brahms ou Berlioz) ou do século 20 (sobretudo Stravinsky e Bartok), uma visão extremamente racional sobre a organização dos sons.

Boulez foi a antítese dos maestros excessivamente adocicados, que procuraram, como Zubin Mehta, obter reações emocionais da plateia. A leitura de Boulez foi revolucionária na medida em que os motivos temáticos com que Richard Wagner construía suas óperas - nele não havia mais separação em árias, duetos, trechos fundamentalmente orquestrais - eram vistos como sinalizações para que se aumentasse ou diminuísse a velocidade com que a música se desenvolvia em cena.

Sua reputação como regente o colocou em pé de igualdade com grandes nomes dos anos 1960 a 90, como Karajan, Georg Solti ou Claudio Abbado. Foi diretor musical da Sinfônica da BBC e da Filarmônica de NY, apresentando-se também como frequente maestro-convidado em orquestras como a de Cleveland ou na Filarmônica de Berlim.

Era também um maestro idiossincrático. Da mesma maneira com que demonstrava verdadeira adoração pelas sinfonias de Gustav Mahler, tinha horror pela produção de Tchaikovsky, a quem considerava um amador bem-sucedido, capaz de cometer sucessivos erros de harmonia.

Solteirão, visivelmente "casado com a música", Boulez foi também o autor de projetos de imensa importância musical, como o Ircam, instituto dedicado à música experimental, e a Cité de la Musique, um conservatório e centro de criação para música de câmara.

Partiu também dele o projeto de criação da Philharmonie de Paris, uma orquestra sinfônica e também um centro de pesquisas centrado nas formas de interpretação.

MAIS: https://www.youtube.com/watch?v=MS82nF85_gA

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