quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Entrevista Marcos Vinicius




Entrevista exclusiva para o blog Arte Brasil com o violonista italiano Marcos Vinicius, que tem realizado grandes trabalhos em concertos e gravações com obras de compositores contemporâneos e do passado para o violão e em obras transcritas pelo músico. Aqui, ele conta sua trajetória, fala de sonhos e da magia que é a música, em entrevista na qual mantivemos a grafia original do teclado italiano, deixando assim que o leitor perceba a alma por trás do artista:


1) Marcos, é um prazer ter você falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória ?



O prazer é todo meu, carissimo Aldo. Poder responder-te à estas perguntas e ter um contato com o pùblico do blog Arte Brasil è muito interessante, principalmente para mim.


Meu inicio com o violao foi muito singular e acredito, sinceramente, que foi uma "chamada" que recebì, de algo que vive nos Altos através deste nosso maravilhoso instrumento. Prefiro nao referir-me a principios religiosos mas, acredito fielmente, que algo là em cima nos diz e nos invoca a seguir um determinado caminho nas estradas da Vida.


A começar, quando completei 1 ano de idade minha mae, professora mas uma artista na confecçao de doces e salgados, distribuira, aos pequeninos que participaram à este meu primeiro aniversario, um bonequinho de presente e este bonequinho segurava em suas maos um violao. Aos oito anos frequentava ja a escola e se me lembro bem o Jardim de Infancia assim chamado. Vivendo em Congonhas, Minas Gerais, cidade pequena e de poucos habitantes na època onde todos conheciam todos....todos eram amigos de todos, minha mae permitia-me ir à escola acompanhado do grupinho de amigos que passavam diante de minha casa; iamos juntos para a escola e retornavamos juntos.



Um dia porém, ao retorno minha mae nao me viu entre os meus coleguinhas e obviamente se preocupou. Assim, resolveu fazer o percurso que faziamos e me encontrou, para e hipnotizado com um violao pendurado em um negocio que vendia de tudo...menos violao e que se encontrava na mesma rua onde passavamos para irmos à escola. Mas aquele violao era ali e, por sorte, o proprietario era amigo de meu pai, me conhecia, e nao se importou com a minha presença mas ao mesmo tempo alertando-me da preocupaçao que estaria provocando à minha mae. Enfim, minha querida mamae encontrou-me e o proprietario disse: "...Dona Celi, este menino està aì ha vinte minutos e nao descola o olhar do violao". Naquele exato momento – penso que Deus colocara Suas maos sobre a cabeça de minha mae – que com dificuldades financeiras pela improvisa morte de meu pai aos 36 anos, comprou o violao para mim em prestaçoes.



Atè hoje, todas as vezes que toco penso naquele dia sagrado para mim. Marquei este momento tambem depois de anos, dedicando à minha mae meu CD "Viola ...Violar" à minha mae, bem como minha composiçao Midnight Valse publicada na Espanha.
Assim começou minha trajetoria. E’ dificil contar todos os fatos ou mesmo aqueles principais da propria vida porque sao tantos. Porem, gostaria de deixar esta mensagem aos leitores e amigos: a fé, a força de vontade, determinaçao e disciplina unidos à flessibilidade como ser humano è o melhor modo para se conseguir um lugar ao Sol. As dificuldades existem...mas para seguirmos adiante...e nao para retornarmos atràs. Nao desçam do trem antes da proxima estaçao.









2) Como você começou escrever para o seu instrumento ? E como é o seu processo de criação ?



Sempre gostei muito de realizar transcriçoes e arranjos para o violao classico, principalmente para quartetos e orquestra de violoes. As melodias surgem em minha alma com muita facilidade (agradeço a Deus por isto) e em pouquissimo tempo consigo adaptar uma obra para o nosso instrumento. Este meu trabalho levou à Carrara Editions de Bergamo, Italia, a creare uma coleçao que tem o meu nome, a Marcos Vinicius Guitar Collection e muito me honra isto. Da mesma forma, recentemente na Espanha, a Periferia Sheet Music, uma outra editora fez o mesmo, criando a Marcos Vinicius Guitar Series.Com a gentil insistencia de guitarristas e amigos musicos, decidi entao escrever originalmente para o violao e, para a minha surpresa, estou obtendo um otimo reconhecimento de minhas obras, comprovado pelas varias gravaçoes que começam a sair com algumas de minhas obras.



Para criar-se uma obra penso seja fundamental estar em conexao sensorial com todo o ambiente que nos circunda...sentir tudo o que se encontra dentro e ao redor de nòs mesmos. Desta forma, no caso de um artista – neste caso, um musico – consegue receber sinais melodicos como resposta à sua intensidade emocional naquele preciso momento. Por outras vezes – e tudo se relaciona – a saudade de alguém, a lembrança de um belo momento que nao se repetirà, um sucesso obtido em modo improviso e tantos outros motivos espirituais, nos levam a traduzir tais sentimentos em melodias...assim, pelo menos, è o que acontece comigo. Deixo que tudo possa fluir dentro de mim atraves de meus dedos.



3 ) Você tem idéia de quantas obras musicais já escreveu ? E os recitais e concertos que foram memoráveis para você ?


Transcriçoes e revisoes sao inumeras e jà publicadas mas algumas ainda por serem elaboradas para as editoras. Composiçoes originais penso aproximadamente 30, incluindo aqui aquelas dedicadas aos jovens violonistas e que se encontram dentro de coletaneas. Obras de grande porte isto è, para concertistas poss relaciona-las:
The Awakening of the Wizards, Serrado, Galope, Preludio et Danse, Senhor do Bonfim, Le vent à Charlevoux, Africana e mais recentemente e ja publicada Ararat estas para violao solo. Para violao e violino/flauta Les fleurs de mon Jardin; para duo de violoes Along the River e para quarteto de violoes Walking Together e Mis manos...mi corazòn, uma homenagem ao encanto da cultura peruana.



Dificil dizer qual ou quais os concertos foram memoraveis para mim pois cada um tem sua magia e seus momentos inesqueciveis. Recordo-me porem um em particular quando no camarim veio dar-me os parabens a filha de Joaquin Rodrigo que era muito feliz pelo modo como tinha interpretado as obras de seu pai convida-me entao a passar uma tarde com Rodrigo...realmente um momento inesquecivel e tao importante.

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